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Serás a minha paz.
terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Consta nos astros, nos signos, nos búzios. Eu li num anúncio, eu vi no espelho, tá lá no evangelho, garantem os orixás. Serás o meu amor, serás a minha paz. Consta nos autos, nas bulas, nos dogmas. Eu fiz uma tese, eu li num tratado, está computado nos dados oficiais. Serás o meu amor, serás a minha paz. Mas se a ciência provar o contrário, e se o calendário nos contrariar. Mas se o destino insistir em nos separar. Danem-se os astros, os autos, os signos, os dogmas. Os búzios, as bulas, anúncios, tratados, ciganas, projetos. Profetas, sinopses, espelhos, conselhos. Se dane o evangelho e todos os orixás. Serás o meu amor, serás, amor, a minha paz. Consta na pauta, no Karma, na carne, passou na novela. Está no seguro, pixaram no muro, mandei fazer um cartaz. Serás o meu amor, serás a minha paz. Consta nos mapas, nos lábios, nos lápis. Consta nos Ovnis, no Pravda, na Vodca...

Você é tudo! E sem você eu sou qualquer um.


(Chico Buarque de Hollanda)



Processo mental.
quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa.


(Caio Fernando Abreu)



Álbum de retratos.

Tudo isso me perturbava porque eu pensara até então que, de certa forma, toda minha evolução conduzira lentamente a uma espécie de não-precisar-de-ninguém. Até então aceitara todas as ausências e dizia muitas vezes para os outros que me sentia um pouco como um álbum de retratos. Carregava centenas de fotografias amarelecidas em páginas que folheava detidamente durante a insônia e dentro dos ônibus olhando pelas janelas e nos elevadores de edifícios altos e em todos os lugares onde de repente ficava sozinho comigo mesmo. Virava as páginas lentamente, há muito tempo antes, e não me surpreendia nem me atemorizava pensar que muito tempo depois estaria da mesma forma de mãos dadas com um outro eu amortecido — da mesma forma — revendo antigas fotografias. Mas o que me doía, agora, era um passado próximo.


(Caio Fernando Abreu)






Uma lembrança qualquer.

Mas se eu tivesse ficado, teria sido diferente? Melhor interromper o processo em meio: quando se conhece o fim, quando se sabe que doerá muito mais -por que ir em frente? Não há sentido: melhor escapar deixando uma lembrança qualquer, lenço esquecido numa gaveta, camisa jogada na cadeira, uma fotografia – qualquer coisa que depois de muito tempo a gente possa olhar e sorrir, mesmo sem saber por quê. Melhor do que não sobrar nada, e que esse nada seja áspero como um tempo perdido.


(Caio Fernando Abreu)



E tenho dito.
segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Às vezes a gente tenta fazer com que se possa lembrar com um certo afeto os momentos já vividos. A gente tenta colocar na cabeça que nada foi em vão e que tudo, de uma certa forma, valeu à pena. A gente faz de tudo para que as coisas fiquem bem, mesmo com todos os acontecimentos que vieram à tona de uma forma abrupta. Às vezes até ficamos com sentimento de culpa por uma coisa ou outra que não deu certo. Infelizmente não são todas as pessoas que têm maturidade para saber levar certas situações. Não que eu me ache a maturidade em pessoa, pelo contrário, tenho plena consciência de que tenho muito o que aprender com a vida. O que quero dizer, é que tem gente que passa dos limites para querer mudar uma coisa que bem la no fundo sabe que é imutável. E pior é que você sabe que quanto mais você se incomoda, menos você encontra a solução para essa tentativa frustrada que a outra pessoa está tomando. Depois de um milhão e meio de conversas e acordos, e da repetição da frase "vai ficar tudo bem" por que cada um não vive sua vida? Ai vem a vontade quase incontrolável de falar tudo o que temos vontade, sem medo de magoar. Culpa da raiva, da falta de paciência, da intolerância com tamanha infatilidade. Só uma coisa: você que faz tudo para estar próximo de uma pessoa, avalie suas atitudes. Você pode estar afastando-a cada vez mais.

Tanta coisa engasgada pra falar, prestes a sair. Mas não aqui.


(Samila Barbalho)



Sem saber o que sou.
quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Hoje eu acordei mais cedo e fiquei te olhando dormir. Imaginei algum suposto medo para que tão logo pudesse te cobrir. Tenho cuidado de você todo esse tempo, você esta sob o meu abraço e minha proteçao. Tenho visto você errar e crescer, amar e voar. Voce sabe onde pousar. Ao acordar ja terei partido. Ficarei de longe, escondido. Mas sempre perto decerto, como se eu fosse humano, vivo. Vivendo pra te cuidar, te proteger. Sem você me ver. Sem saber quem sou. Se sou anjo ou se sou seu amor. Afinal, quem eu sou? Seu anjo ou seu amor? Tenhos asas? Anjos protegem, cuidam, aparecem invisiveis. Humanos tambem, quando amam. Quero dizer que já não importa saber de onde venho. Se tudo que sou pra você é amor. E se ainda assim quiser voar, te levo comigo.Te mostro as estrelas. Outros alados, Deus, a vida celeste. Depois voltaremos pra casa. E mais uma vez humanos nos amarmos ate morrermos. Pra dizer que é seu o anel. Sou o seu amor na terra e seu anjo no céu.


(Anjo – Banda Eva)



Perdidos nos braços um do outro.
domingo, 14 de novembro de 2010

Independente do que acontecesse em nossas vidas, eu me imaginava ao fim do dia deitado na cama ao lado dela, nós dois abraçados enquanto conversávamos e ríamos, perdidos nos braços um do outro. Não parece tão absurdo, certo? Quando duas pessoas se amam? Foi também o que pensei. E, quando uma parte de mim ainda quer acreditar que isso seja possível, sei que não vai acontecer. Quando eu for embora de novo, nunca mais vou voltar.


(Querido John - Nicholas Sparks)



Autodestruição.
sexta-feira, 12 de novembro de 2010



Hoje acordei inteira.

Migalhas? Pedaços? Não, obrigada. Não gosto de nada que seja metade. Não gosto de meio termo. Gosto dos extremos. Gosto do frio. Gosto do quente (depende do momento.) Gosto dos dedinhos dos pés congelados ou do calor que me faz suar o cabelo. Não gosto do morno. Não gosto de temperatura-ambiente. Na verdade eu quero tudo. Ou quero nada. Por favor, nada de pouco quando o mundo é meu. Não sei sentir em doses homeopáticas. Sempre fui daquelas que falam "eu te amo" primeiro. Sempre fui daquelas que vão embora sem olhar pra trás. Sempre dei a cara à tapa. Sempre preferi o certo ao duvidoso. Quero que se alguém estiver comigo, que esteja. Mesmo que seja só naquele momento. Mesmo que mude de idéia no dia seguinte.

(Fernanda Mello)



SAMILA BARBALHO
Como Tudo Deve Ser.


Porque também me acontece – como pode estar acontecendo a você que quem sabe me lê agora - de achar que tudo isso talvez não tenha a menor graça. (Caio Fernando Abreu)


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